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12/04/2010

Resumo do subtema: Sociedade e Cultura num Mundo em Mudança

Os inícios do século XX mais não foram que a continuação de um século XIX onde o optimismo face ao progresso material, os valores morais e sociais de uma burguesia triunfante imperaram.


A Iª Guerra Mundial, a Revolução Soviética e o crescimento económico originam um certo nivelamento dos modos de vida e marcam o início de um movimento de viragem em todos os campos: cultural, político e social e na formação de uma nova mentalidade, mais aberta e inovadora, responsável por comportamentos até aí impensáveis.

As Classes Médias (médicos, professores, engenheiros, arquitectos, comerciantes, homens de leis, guarda-livros...) adquirem um peso e influência crescente nesta sociedade e vão estar na base das principais transformações políticas e culturais:

a) Novos valores morais e sociais;
b) O prazer e a boémia ganham significado (aumentam os locais de convívio);
c) A mulher luta pela sua afirmação através do trabalho fora de casa, do direito ao voto;
d) A Moda (mais leve e desportiva) e a Música (Jazz) reflectem os novos gostos.

Surge uma Cultura de Massas (1) associada ao desenvolvimento tecnológico e ao crescente aumento dos tempos livres.

· A Imprensa, a Rádio, o Cinema, revistas foram os veículos dessa cultura destinada ao grande público.
· O Desporto tornou-se, igualmente, uma manifestação de massas.
Verifica-se um significativo progresso das Ciências Exactas.

a) A discussão sobre os limites de validade das ciências assume um papel importante na reflexão.
b) A ciência faz a sua auto-crítica.
c) A teoria da Relatividade desenvolvida por Einstein vai mostrar a existência de factos experimentais contraditórios com os princípios formulados pela ciência, desde Newton.
d) Outros cientistas defendem que em certos campos não é possível alcançar um conhecimento exacto mas apenas probabilistico (Max Planck).

No campo das Ciências Sociais e Humanas, igualmente se verificam inovações.
a) A Psicologia, com FREUD, defende que a razão não controla totalmente as nossas acções. Os impulsos inconscientes são responsáveis por grande parte dos nossos comportamentos. Por outro lado existem valores morais que provocam recalcamentos e reprimem o indivíduo.
A tomada de consciência destes vai permitir a alteração no comportamento social que deve ser mais livre dos constrangimentos morais.
A descoberta da existência de uma vasta área do nosso psiquismo que não se manifesta de forma consciente vai ser valorizado do ponto de vista cultural pelas tendências artísticas e literárias da época.
RUPTURA E INOVAÇÃO NAS ARTES
Vive-se, nos primeiros anos do século XX, um período de aparecimento de movimentos artísticos, inovadores, que vão contra a norma, contra as “Escolas” que ditavam os gostos, os temas e as técnicas da arte.
Os novos artistas apresentam experiências diversificadas, marcadas por um corte com a tradição;
Revelam uma certa agressividade e irreverência na utilização das formas e da cor.

Na pintura, o cubismo, o abstraccionismo, o surrealismo e o futurismo (pretendia retratar a civilização industrial, o movimento da vida moderna) foram as correntes que mais se impuseram. (Picasso, Bracque, Salvador Dali, Amadeo de Sousa Cardoso, Almada Negreiros, Santa Rita) foram alguns dos seus artistas.

Na arquitectura, a adaptação dos edifícios à função para a qual se destinam e a utilização de novos materiais, fruto da nova sociedade industrial, são as características mais marcantes. (Funcionalismo arquitectónico)
A literatura revelou autores e estilos inovadores que se debruçam sobre a intimidade humana, sobre os sentimentos das pessoas. (Modernismo). (Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, )

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(1) Cultura de massas – É um produto da indústria cultural e resulta do aumento da produção, dos tempos livres e dos rendimentos familiares. Estas mudanças traduziram-se num consumo em larga escala, nomeadamente de produtos culturais.

A cultura de massas é frequentemente associada a uma cultura de imagens, a diversão é a principal característica positiva associada à cultura de massas. Esta cultura é resultado de técnicos e artistas, formados em escolas de artes, que concebem produtos destinados a explorar os desejos de consumidores anónimos.

A Sociedade de consumo recebeu entusiasticamente as novas estéticas determinadas pela televisão, cinema, audiovisuais, artes plásticas e a comunicação social, sob a grande proposta do nivelamento cultural.

Chama-se cultura de massa toda cultura produzida para a população em geral — independentemente de heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, sexuais ou psicológicas — e veiculada pelos meios de comunicação de massa. Enfim, cultura de massa, é toda manifestação cultural produzida para o conjunto das camadas mais numerosas da população; o povo, o grande público.

Extraído de: http://aprenderhistoriablog.blogspot.com/2007/12/sociedade-e-cultura-num-mundo-em-mudana.html

11/23/2010

"Mulheres de Atenas" de Chico Buarque

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas

Vivem pros seu maridos, orgulho e raça de Atenas

Quando andas, se perfumam

Se banham com leite, se arrumam

Suas melenas

Quando fustigadas não choram

Se ajoelham, pedem, imploram

Mais duras penas

Cadenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas

Quando eles embarcam, soldados

Elas tecem longos bordados

Mil quarentenas

E quando eles voltam sedentos

Querem arrancar violentos

Carícias plenas

Obscenas


Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho

Costumam buscar o carinho

De outras felenas

Mas no fim da noite, aos pedaços

Quase sempre voltam pros braços

De suas pequenas

Helenas




Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas

Elas não têm gosto ou vontade

Nem defeito nem qualidade

Têm medo apenas

Não têm sonhos, só têm presságios

Lindas sirenas

Morenas



Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas

E as gestantes abandonadas

Não fazem cenas

Vestem-se de negro, se encolhem

Se conformam e se recolhem

Às suas novenas

Serenas


Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas



Interessante explicação da canção de Chico Buarque, que nos ajuda a compreender um pouco o papel exercido pela mulher em nossa sociedade, é a seguinte:



Elas tecem longos bordados
A principal ocupação das atenienses de todas as classes sociais era usar lã para fazer tecidos. O processo, longo e trabalhoso, envolvia desde a preparação do fio até a criação de peças em teares manuais.
Os novos filhos de Atenas
Cuidar das crianças também era uma ocupação exclusivamente feminina. Até os 7 anos, meninos e meninas passavam quase todo o tempo na barra da mãe. Depois os meninos podiam estudar, enquanto as meninas continuavam em casa.

Quando fustigadas não choram
As camponesas não precisavam ficar trancafiadas em casa, como ocorria com as atenienses urbanas ricas. Mas elas tinham de dar duro o ano inteiro. Uma de suas principais atividades era plantar e colher ervas, verduras e legumes.

Não fazem cenas
Além de cultivar feijão, cebola, condimentos e verduras silvestres, era preciso limpar constantemente o jardim para evitar ervas daninhas.

Ajoelham
As mulheres do campo também eram responsáveis pela pecuária. Elas ordenhavam cabras e ovelhas e usavam o leite para preparar queijo e coalhada. Ocasionalmente, ainda criavam abelhas para produzir mel. Tudo isso sem reclamar.

Vivem pros seus maridos
Fora o trabalho de fiar e de supervisionar o criados, as donas-de-casa de casa abastadas deixavam quase todo o trabalho para as escravas domésticas. As crianças, e às vezes até a amamentação, podiam ficar por conta das cativas.

Fonte: Revista Aventuras na História
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/as-mulheres-de-atenas

Mulheres de Atenas

7/19/2010

Mulheres de Bacalhoeiros: Sazonalidade e Género (1950 – 1974)

"Assumindo a pesca bacalhoeira um papel de destaque nas políticas económicas do Estado Novo, ao considerá-la como “indústria nacional”, o regime salazarista implementou medidas que impulsionaram a produção nacional neste sector, tentando fazer frente aos elevados números das importações de bacalhau. O aumento da produção nacional necessitava automaticamente de mais mão-de-obra. No Concelho de Ílhavo essa necessidade fez-se sentir, uma vez que esta actividade se tornou numa das que mais população activa abrangia. O peso da pesca do bacalhau em Ílhavo é significativo, assim como é significativa a preponderância dos ilhavenses nesta actividade, quer em número, quer na ocupação de cargos de chefia. As longas viagens desta pesca privavam os homens da companhia das suas famílias. Consciente deste facto o Estado Novo proporciona-lhes uma acção social abrangente e com alicerces diversificados, para o pescador e para a sua família, de modo a minimizar os danos sociais, morais e familiares que as ausências prolongadas podiam causar. A doutrina do Estado Novo assentava em fortes valores morais e de família, para os quais a mulher desempenhava especial importância, sendo-lhe reservado o papel de garante do bem-estar familiar e da elevação moral dos seus. As especificidades da pesca do bacalhau, com grupos socioprofissionais bastante hierarquizados, prolongadas ausências masculinas e entradas sazonais de dinheiro, acentuavam ainda mais a centralidade da mulher nos domínios da família e do lar. Percebemos então que as características do sector e as ideologias vigentes à época influenciam fortemente as memórias femininas sobre os seus quotidianos.


The cod fishing industry assumed a relevant position in the economic policies of the “Estado Novo”, who designated it as a “national industry”. Salazar’s régime tried to counterbalance the high import rate of cod by promoting the national production in this economic sector. The increase of national production immediately called for more manpower. That need was particularly felt in the Ílhavo region, where the activity was involving a large part of the population and represented a significant part of the local economy. On the other hand, the Ílhavo population retained a large part of the jobs of this national activity, including administrative positions. The long fishing campaigns deprived men from the company of their families. Conscious of the fact, the “Estado Novo” implemented a broad social security system based on diversified grounds for fishermen and their families, minimizing the family, social and moral damages derived from the long absences. The ideology of the “Estado Novo” was based on solid moral and family values, where the woman had the particularly relevant role of warranting the family’s well-being and moral sustenance. The specificities of cod fishing industry, with its very hierarchical socio-professional groups, men’s prolonged absences, and seasonal earning incomes, were enhancing the central role of women in the family and at home. We recognize that the industry’s characteristics and the ideologies of that time strongly influence women’s memories of their daily lives.

Descrição: Mestrado em Museologia: Conteudos Expositivos

URI: http://hdl.handle.net/10071/1469 "

4/20/2008

O lado feminino do 25 de Abril


"Antes da Revolução a mulher tinha um papel secundário na sociedade. Só com o 25 de Abril é que conquistaria alguns dos direitos essenciais.
Na história do nosso país, as mulheres ocuparam quase sempre um papel secundário, sendo apresentadas, na maioria das vezes, como figurantes nos grandes episódios da construção da nação.
Já em 1872, um dos mais influentes intelectuais da chamada “Geração de 70”, Ramalho Ortigão, escrevia assim sobre aquela que era a
representação popular da mulher na altura: “Ela é na casa um ente subalterno e passivo, que se manda, que se força, que se espanca se desobedece (…). Ninguém a instrue, ninguém a distrae, ninguém procura tornar-lhe a existência doce e risonha, dar-lhe o nobre orgulho de ser amada, querida, necessária no mundo para mais alguma coisa do que lavar a casa, coser a roupa e cosinhar a comida”.
Esta concepção do século feminino vai vigorar durante muitos anos no nosso país, e tornar-se-á particularmente evidente durante o Estado Novo, um regime político de cariz conservador e tradicionalista, instaurado em Portugal em 1933. Durante quase meio século, ao sexo feminino eram associados os papéis de
dona-de-casa, mãe e companheira, e pouco mais.
(...)
Mas se hoje a mulher já tem um papel mais activo na sociedade, parece que ainda nem tudo foi conseguido…
Anabela Couto"

O retrato da mulher durante o Estado Novo

"Mãe, esposa e dona-de-casa. Eis o retrato da mulher nos anos que antecederam a revolução de Abril.
Em Portugal, o Estado Novo esforçou-se por conservar a mulher no seu posto tradicional, como mãe, dona-de-casa e em quase tudo submissa ao marido. A Constituição de 1933 estabeleceu o princípio da Igualdade entre cidadãos perante a Lei, mas com algumas excepções. No documento constavam referências às "diferenças resultantes da sua [mulher] natureza e do bem da família". A mulher via-se, assim, relegada para um plano secundário na família e na sociedade em geral.
Luísa Neto é docente na Faculdade de Direito da Universidade do Porto. Esta doutorada em Direitos Fundamentais explica qual a situação da mulher perante a Lei, durante a ditadura: "A constituição de 1933, que era a constituição que vigorava antes da Revolução de 25 de Abril de 1974, não estabelecia efectivamente o princípio da igualdade, pelo menos material. Formalmente estabelecia o princípio da igualdade, mas na prática ele não tinha grande vigência".
"A mulher praticamente não tinha direitos. Se se tratasse de uma mulher casada, os direitos eram exercidos pelo chefe de família. Aliás, a expressão do pai de família, que normalmente era benfiquista, deriva daí e do entendimento que era voz comum nessa altura", realça.
A lei portuguesa designava o marido como chefe de família, donde resultava uma série de incapacidades para a mulher casada, contrariamente à mulher solteira, que era considerada cidadã de plenos direitos: "a mulher não tinha direito de voto, a mulher não tinha possibilidade de exercer nenhum cargo político, e, mesmo em termos da família, a mulher não tinha os mesmos direitos na educação dos filhos", diz a magistrada.
Nesta altura, a Lei atribuía à mulher casada uma função específica: o governo doméstico, o que se traduzia pela imposição dos trabalhos domésticos como obrigação. E os poderes especiais do pai e da mãe em relação ao filho resultavam na sobrevalorização do pai e subalternidade da mãe, que, como recomendava a lei, apenas devia ser «ouvida».
Outro dos problemas que a mulher enfrentava na altura acontecia nas situações de reconstituição da família. O divórcio era proibido, devido ao acordo estabelecido com a Igreja Católica na Concordata de 1944, pelo que todas as crianças nascidas de uma nova relação, posterior ao primeiro casamento, eram consideradas ilegítimas. E havia duas alternativas no acto do registo: a mulher ou dava à criança o nome do marido anterior ou assumia o estatuto de "mãe incógnita". O que não podia era dar o seu nome e o do marido actual.
Trabalho só para homens
Também em relação ao trabalho, a mulher deparava frequentemente com grandes limitações. E o acesso a determinadas profissões era-lhe completamente vedado, como nos diz Luísa Neto: "no que diz respeito à questão profissional, a mulher não tinha direito de acesso a determinados lugares que se considerava que deviam ser ocupados por homens". A magistratura, a diplomacia e a política são apenas alguns dos exemplos de sectores profissionais a que a mulher não podia aceder.Maria José Magalhães é hoje assistente na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, onde concluiu o seu mestrado em Ciências da Educação. Realiza investigação sobre a questão do género e participa em alguns grupos e publicações feministas. Sobre o tema, escreveu o livro "Movimento Feminista e Educação - Portugal, décadas de 70 e 80". E descreve assim a situação da mulher naquela altura: "Antes do 25 de Abril, muitas mulheres não podiam casar com quem queriam, as mulheres casadas não podiam mexer na sua propriedade, as enfermeiras não podiam casar, as professoras não podiam casar com qualquer pessoa: tinham que pedir autorização para casar, e saía em Diário da República a autorização para ela casar com o senhor fulano de tal".
Além disso, naquela altura estava escrito em decreto-lei que uma professora só podia casar com um homem que tivesse um vencimento superior ao dela. "Uma mulher casada não podia ir para o estrangeiro sem autorização do marido, não podia trabalhar sem autorização do marido. O marido podia chegar a uma empresa ou estabelecimento público e dizer: eu não autorizo a minha esposa a trabalhar. E ela tinha que vir embora, tinha que ser despedida", contou ao JPN Maria José Magalhães.
Anabela Couto"
Extraído de: http://jpn.icicom.up.pt/2005/04/26/o_retrato_da_mulher_durante_o_estado_novo.html

11/13/2007

Uma mulher como Faraó?

Sabias que, por razões religiosas, o faraó egípcio era sempre do sexo masculino?
Sabias que houve uma mulher faraó, chamada Hatchepsut e que esta era sempre representada como homem, com as vestes e a barba postiça usada pelos reis?
Para saberes mais: